Rally: “Sou palmeirense, sangue ruim e não desisto nunca”, diz Palmeirinha

O piloto brasileiro Paulo Nobre, o Palmeirinha (Itaú Private Bank) enfrentou mais um dia durÁ­ssimo no Rally Por Las Pampas, 3ª etapa do Campeonato Mundial de Rali Cross Country. Na 6ª etapa, disputada neste domingo (2/09), o Nobre levou por volta de dez horas para completar o trecho cronometrado de 415 km entre as cidades chilenas de La Serena e Bahia Inglesa.

 


Correndo ao lado do navegador português Filipe Palmeiro, Palmeirinha já havia levado praticamente o mesmo tempo para percorrer a 5ª etapa, ocorrida no sábado. Apesar de contar com apenas 31 km de extensão, o trecho cronometrado de sábado se tornou um martÁ­rio para a dupla. Realizado todo em uma região de dunas, Nobre/Palmeiro caiu em uma vala e demorou três horas para conseguir tirar o carro do buraco. E quando restavam apenas 1 km para o término da etapa, a BMW X3 da dupla perdeu a embreagem obrigando-a a ficar parada nas dunas por mais seis horas, esperando um caminhão de apoio para resgatá-la.


Depois de completar a etapa, Palmeirinha ainda teve que deslocar por mais de 388 km até chegar a Bahia Inglesa, por volta das 3h30 da madrugada no horário local (uma hora a mais em BrasÁ­lia), ir dormir as 4h00 e acordar as 7h00 para a etapa de domingo.


E os 415 km de trecho cronometrado deste domingo não foram nada fáceis. Pedras, que variavam do tamanho de uma bola de futebol a outras com a dimensão de um carro foram as principais caracterÁ­sticas do dia. “Brincadeira! Foram 400 quilÁ´metros de pura quebradeira e pancadaria. Só pedra, muita pedra e mais pedra. Ora essas pedras ficavam nas margens da trilha, o que fazia qualquer escorregada com o carro se tornar um pneu furado, ora elas estavam na trilha mesmo. Acho que a especial teve uns 300 quilÁ´metros de “trial”, uma loucura, já que no Brasil esse trechos não tem mais do que 5 km de extensão. AÁ­, de repente, pegávamos trechos na praia, com areia muito fofa e pronto, o carro atolava. Quando isso não acontecia, perdÁ­amos tempo no processo de baixar a pressão do pneu para poder andar sem problemas na areia”, contou Nobre.


Outra dificuldade encontrada pela dupla luso-brasileira foi o horário marcado para o inÁ­cio das especiais, sempre no final da manhã ou inÁ­cio da tarde, o que leva os competidores muitas vezes a percorrerem a parte final da etapa a noite. “As especiais estão começando muito tarde, e assim, muita gente termina a etapa a noite. Hoje por exemplo, o Luc Alphand, que foi o primeiro carro a chegar, terminou a prova já com o sol se pondo. Nós, que largamos mais tarde e ainda enfrentamos alguns problemas, percorremos mais de 45 km no escuro. AÁ­, o ritmo que era de 120 km/h caiu para 40, porque você não enxerga nada. Passamos por duas falésias que só tinha um ponto em que dava para descer com o carro, caso contrário, a gente despencava. E para achar esse ponto certo na escuridão? E passamos por isso duas vezes hoje”relatou Palmeirinha.


Mas apesar do cansaço e dos problemas enfrentados nessa maratona que se tornou esses dois últimos dias no Por Las Pampas Rally, Nobre acredita que possa subir na classificação da prova por ter passado por todos os “check points” deste domingo. Os “check points” são locais dentro do trecho cronometrado marcados no GPS de cada participante, que tem que passar até 200 metros desses locais para ser registrado. “Sou palmeirense, sangue ruim e não desisto nunca. Mesmo com tudo que aconteceu com a gente nos últimos dias passamos por todos os “check points” estabelecidos pela organização, o que não aconteceu com outros competidores que chegaram a nossa frente. Eles devem perder alguma posição e com isso devemos subira na classificação geral”, acredita o piloto, que após os problemas de sábado, ocupava a 6ª colocação na prova, que segue com Luc Alphand /Gilles Picard, da Mitsubishi, na liderança.


Confira como será a 7ª etapa do Rally Por Las Pampas, que terá disputada em laço, ou seja, com largada e chegada na cidade de Bahia Inglesa.
3 de setembro – Bahia Inglesa
Total: 230 km
Deslocamento inicial: 1 km
Trecho cronometrado:228 km
Deslocamento final:1 km